PORTAS: Silvinho&Nani

Pessoas estranhas caminham de encontro
as minhas pupilas manchadas de dor
pessoas estranhas flutuam na bruma
espuma de barba no rosto da manhã

pessoas estranhas que cruzam a rua
me levam a loucura por ser tão normal
pessoas tamanhas em minusculas vidas
e as velhas feridas já não doem mais

sinais e sintomas, duvidas e chamas
brilham nos seus olhos que perseguem os meus
no deserto da noite a lua castiga
e o Oásis do beijo me leva a Deus

pessoas estranhas me pedem socorro
me desculpo e morro de medo e de dor
na guerra em que vivo o tiro e o frio
se abraçam e se fundem numa espécie de amor

na porta em que bato me fecham os olhos
da água que bebo o deserto flui
nas tintas que pinto aquarelas caquéticas
figuras se torcem num ballet de luz